Ando meio sem rumo. Meio sem lógica. Meio
procurando coisas que não são, que não estão. E não sei dizer se estou dentro
ou fora. Dentro ou fora do mundo. Dentro ou fora de mim. Já não me lembro. E me
pergunto pra quê. De que importa, se tudo foge pra tão longe que já não sei
mais a distância entredentes? Entre dedos, entre pesares. De que importa se já
não sei mais meus pontos de gravidade, de brevidade. É tudo tão ontem ainda
hoje. E me acabo em cantos cíclicos que sequer me asseguram o sono. Me desfaço com
espanto no instante seguinte, de novo e de novo, até que o dia seja noite, e
tudo e todos o alívio de uma única sombra.
- Danielle Bernardi