quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fig. Coisa latente.

Ei. Estava à espera de que hoje minha ausência me trouxesse de volta. Acreditei que depois de todo esse tempo a deriva, minha alma manca estivesse voltando para casa - e que já fosse permitido sentir sua falta. Imaginei que já era hora de estilhaços, de vida sob a pele. Mas parece que ainda é preciso tempo. Ainda é preciso ir mais fundo em busca de. E assim, o que resta são os dias caindo no chão e os espaços em brancos que me esperam voltar para dar-lhes forma de grito e silêncio. Pulso intermitente. E quero lhe dizer que,
- Danielle Bernardi

sábado, 17 de abril de 2010

s.m. Espaço infinito no qual se movem os astros.

Calmaria. Incoerências, incongruências em todo o lugar. Formas geográficas caleidoscópicas tremeluzindo sob luzes que não se podem ver. E o objeto de estudo sobre a mesa: dissecado em átrios e ventrículos, entre tinta seca e papel envelhecido. E o que for preciso: não importa quão fundo tenha de ser o golpe sobre a carne - desde que toque o cerne, o centro, o tudo. E que a mecânica se desfaça nessa ausência de palavras, que pede por um outro modo de se dizer as coisas. E que a anatomia se contradiga, cíclica, quando as controvérsias estiverem entrelaçadas às fibras, formando todo o sistema. E vamos conversar: me ofereça essa imensidão do seu silêncio como leito para deitar minhas angústias. Vamos falar do grito, e da fome, e do rugir do animal desesperado que enfrenta a morte. Vamos falar do abandono que se procura, e da necessidade de sofrer. E te ofereço em fúria minha selvageria plena: minha chama que se oculta em sombra e vento. E me ofereço um mundo de existências, e um mergulho cego por cada uma delas. Seja como for.
- Danielle Bernardi

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mar de Ressaca.

Sei que ando distante falando que a culpa é sua e que o meu querer é seu e que o seu querer sou eu e tanto faz tanto fez tanto ainda pra fazer tanto tempo sonhado se desfazendo em vento e brisa e tudo aquilo que não veio e ficou por terra olhando o céu em prece pela chuva de mil anos que temos esperado e desesperado - e a ausência que já foi um dia a existência da ausência tua - prova de fé e loucura intrincada destilada refinada um vai e vem de ondas no meio do nada querendo criar maré, querendo ser: querendo existir: marcar em tinta água'e'sal o silêncio que já não mais repousa no travesseiro ao lado.
A - falta - que - a - falta - faz.
- Danielle Bernardi