sábado, 22 de agosto de 2009

Achados&Perdidos

Todas aquelas coisas que não se diz foram lançadas à mesa e lacradas em cartas sem data para chegar. Cansei de vírgulas e pontos ofereço esses papéis rasgados cheios de notas nas margens e do meu bem-querer pegue-os e faças o que quiseres. Eles só lhe serão entregues depois que eu me for em uma caixa desagastada de achados e perdidos cheia de desenhos cor de pérola envelhecida. Todas aquelas coisas que não foram ditas rasuradas em segredo em lonas de circos do século passado e todas aquelas manchas e espaços em brancos em provas concretas desfazendo-se entre os dedos. E os trapezistas lhe trazendo minha lembranças entre as cinzas de um novo dia. Cartas lacradas sem data para chegar finalmente lembre-se de mim queimei o mapa que vinha ao meu encontro e me deixei levar pelo tempo para além do esquecimento.

- Danielle Bernardi

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Anemia.

Meu eu lirico não tem calma, tem fome. Tem esse apetite voraz, insaciável, sedento. Tem o poder de consumir em silêncio, sem que ninguém veja. E fala sempre, grita na verdade, com todo o ar dos meus pulmões - pela ponta dos meus dedos. Mas também cala, e não respira. Sufoca e engasga, mas não se revela. Ouça seus rugidos, seus lamentos, seu trovoar perante a inanição que há tanto tomou conta. Tudo o que me resta são esses membros fracos, o branco dos olhos... E o vibrar fraco da existência pura, em seu clamor exagerado - necessário. E ainda espero ouvir teu nome...

- Danielle Bernardi

domingo, 2 de agosto de 2009

Solstício.

E às vezes tudo o que falta é um amor calmo, de maresia. Com a carícia da areia entre os dedos e os sonhos fáceis de sonhar. Uma coisinha boba e descomplicada, para colocar o mundo de volta nos trilhos e o coração no lugar.
Só dói demais admitir...
E sentir essa saudade do que não se tem...
E você sabe, e eu sei.


- Danielle Bernardi