segunda-feira, 31 de maio de 2010

(...)

Tenho pensado muito em últimas palavras. Algo para preceder o silêncio: para anunciar sua imensidão. Qualquer coisa. Qualquer conjunto de letras, combinação de sílabas. Qualquer coisa verdadeira. Chama que arde-consome-devora-e-unifica por toda a eternidade, fração entre um piscar. Qualquer coisa que traga os ossos à superfície. Que exista. Que signifique.
- Danielle Bernardi

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fig. Estar exposto a: correr um perigo.

Os pés deslizam entre ponteiros, enquanto a hora corre. É tempo, e é tarde lá fora. Tarde como as estrelas que desabam sobre o teto e pedem pra consumir. Tarde como o anoitecer que se desfaz na aurora de minha insônia. Tarde como cada momento que pede pra existir. Tarde como a música que se esvai antes do verso ter fim... Tarde antes que haja tempo o suficiente: para o insuficiente. E os dias correm, como todos aqueles milhões de anos que nunca vimos passar - e passaram.
- Danielle Bernardi

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Titanic.

... então espero que você procure próximo à água. Não pergunte porquê. Estarei andando entre dias frios perto do porto, com a brisa salina incrustada em cada tábua de madeira por onde passar. Ou na areia da praia, tentando alcançar o horizonte com os olhos e querendo me dissolver na brutalidade das ondas. Se ambos tivermos sorte, estarei com os pés na margem fria do mar. Você vai me reconhecer de imediato: tudo em mim vai clamar pelo que quer que haja dentro de sua imensidão. E se esse for o caso, é muito provável que eu não vá ver você. Estarei ocupada em minha sede de oceano, meu complexo de barco à deriva... Anyway, meu bem. Adormeço contando estrelas nas sombras do teto. E isso devia contar alguma coisa.
...das cartas que nunca mandarei,
- Danielle Bernardi