quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ps. ...

Me mande um beijo de onde estiver. Vou colocá-lo na prateleira ao lado de todos os sonhos de cristal. E brincar de encontrar arco-íris nos cacos, quando meu caos acidental transformar tudo no lado avesso. E você pode rir se quiser, vou transformar seu riso em música e fazer da vida um algo mais. E quando você vier me procurar e eu estiver perdida: me encontre aonde as cores acabam e a tragédia começa. Terei ido atrás daquelas quatro letras sobre as quais tanto te falei - v.i.d.a.
ps. aquelas quatro outras letras ficam por sua conta, quando me encontrar.
- Danielle Bernardi

domingo, 18 de outubro de 2009

Alegria Derramada

Desnovelei as nuvens dos teus sonhos só para descortinar meu sorriso favorito nos teus lábios. E estou morrendo. E espero que você saiba: que ofereço meu coração: bem de mansinho: aos teus pés: para quebrá-lo como quiseres. E em troca te darei meu melhor sorriso. E minha alegria derramada será minha forma mais sincera de dizer que estou viva. E morro sim: outra vez: a todo o instante: para abrir os olhos outra vez e ser deslumbrada: invadida: desencantada. E te ofereço assim: a centelha dos meus olhos: em troca de uma palavra tua. E te ofereço assim: o mundo aos teus pés: ele é teu para ser conquistado. E sento nos degraus em frente a tua porta: por que é noite: e é verão. E isso tudo não tem fim.
- Danielle Bernardi

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Trevo-de-quatro-folhas

Despetalei um trevo-de-quatro-folhas por você hoje. Para te falar de coisas que fogem às palavras e vêm ao meu encontro. Para te falar que sinto muito, e que eu estava errada: e que estive, por boa parte de minha vida: e que persisto, por estupidez humana e por vontade: por que é tudo o que sei: o que sou: tudo o que tive à te oferecer: minha insuficiência, minha carne exposta a sol. E não se culpe: meus versos vieram partidos ao mundo: por que gosto mesmo é dessa coisa torta: desse desencaixe: dessa minha forma cheia de sombras e vazios: dessa minha mania de querer criar palavras para o que não se diz. Por que gosto mesmo é de soprar meu silêncio contra o vento: por que gosto mesmo é de esperar que você me escute. Por que é tudo o que sei: o que sou: tudo o que tive à te oferecer: meus suspiros de fé e minha fome de dor. Então vem e toma: meus pedacinhos: de trevo-de-quatro-folhas.
- Danielle Bernardi

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Anjo de Porcelana.

O grito rompeu na garganta, deixando no eco a sensação de borbulhas doces. Respirava com o cansaço de quem tenta ir mais longe, mais fundo do que permitido. Ofegante e pequenina: alma tão turbulenta, tão inquieta, tão desassosegada. E aquele voar raso - aquele quase cair - bem perto do chão. Bati com o dedo na superfície do vidro, provando sua amargura, sua frustração. Querendo alcançar sua mão, tocar suas asas, beijar sua fronte. Querendo estilhaçar a impossibilidade com minhas palavras e ver o sol se pôr sobre nossas dores. E você do outro lado, dançando dentro de sua gaiola: fechava os olhos e deixava o mundo entrar. Queria unir nossos dedos e nos tornar uma só pessoa. Queria nossa existência mútua, nossa permanencia sobre um mesmo palco. E buscar mais longe, mais fundo. Tocar com suavidade, com ternura o suficiente para converter os olhos em nascentes de águas salgadas. Queria sentir o palpitar entre as costelas, a falha, o disparo, a desaceleração. O vibrar caracteristíco pelo qual temos esperado há tanto tempo. E você pedia vida, em porções cada vez maiores: até o limite do insuportável. Pedia o corpo marcado por dores invisíveis, pedia tudo: até a última gota. Eu só pedia o espaço suficiente para te oferecer tuas asas, e unir nossos dedos enquanto corríamos em direção ao abismo.
- Danielle Bernardi