sábado, 17 de abril de 2010

s.m. Espaço infinito no qual se movem os astros.

Calmaria. Incoerências, incongruências em todo o lugar. Formas geográficas caleidoscópicas tremeluzindo sob luzes que não se podem ver. E o objeto de estudo sobre a mesa: dissecado em átrios e ventrículos, entre tinta seca e papel envelhecido. E o que for preciso: não importa quão fundo tenha de ser o golpe sobre a carne - desde que toque o cerne, o centro, o tudo. E que a mecânica se desfaça nessa ausência de palavras, que pede por um outro modo de se dizer as coisas. E que a anatomia se contradiga, cíclica, quando as controvérsias estiverem entrelaçadas às fibras, formando todo o sistema. E vamos conversar: me ofereça essa imensidão do seu silêncio como leito para deitar minhas angústias. Vamos falar do grito, e da fome, e do rugir do animal desesperado que enfrenta a morte. Vamos falar do abandono que se procura, e da necessidade de sofrer. E te ofereço em fúria minha selvageria plena: minha chama que se oculta em sombra e vento. E me ofereço um mundo de existências, e um mergulho cego por cada uma delas. Seja como for.
- Danielle Bernardi

Um comentário:

Evelyn disse...

Que saudade dos seus versos!