sábado, 27 de março de 2010

Ruas de Hamelin.

Cala-te, meu bem. Como o vento cálido que não sopra, mas sabemos que existe. Deixa o bicho correr solto entre a neblina, deixa o medo devorar o que há embaixo da pele, deixa a tua marca: o teu nome: o teu vazio. Sou esse mesmo porto no horizonte com o convite para que venhas e leve - tudo. E não precisa me dar nada em troca, nenhuma sílaba doce, nenhum sonho cantado, nem mesmo uma boa lembrança. Apenas... Venha e leve. O que quiser é seu. E mais aquelas coisas que vais levando sem saber, sem que eu saiba que cedi. Então é isso meu bem, não me ofereça nada, nem mesmo uma palavra, muito menos uma promessa. Só preciso manter esse vazio de você comigo, esse buraco negro girando em um querer sem fim. Só preciso que venha, que encante, que torne impossível respirar. Preciso do chamado da flauta nas ruas desertas debaixo de toda essa neblina.
- Danielle Bernardi

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