quarta-feira, 9 de junho de 2010

Conjectura.

Não sei do que as palavras são feitas. Alguma química quântica tão imaterial quanto o próprio silêncio, talvez. Tão imaterial quanto a própria solidão. Quanto ao desejo de dizer, mesmo que não haja evidência alguma: que a voz exista: que alguém escute. E o universo imaterial, em sua integridade de animal selvagem - envolve, fascina, fere, condena. É causa e consequência do eu-mundo, desorbitado. Simbiose que obedeçe a si e a si só, relegando os organismos à essa dinâmica gravitacional inevitável: batimentos cardíacos compartilhados entre dois incompatíveis. Não sei do que as palavras são feitas, seja o que for, o que tenho a dizer tem o peso da noite, o assustador e adorável peso da imaterialidade.
- Danielle Bernardi

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