terça-feira, 2 de novembro de 2010

Relicário.

Por minha ausência, o que tenho há dizer é que o silêncio é sincero. Talvez a única forma dimensional em que soube colocar aquelas mesmas coisas que sempre tenho tentado dizer à você. Queria que você estivesse aqui. Ou que ao menos soubesse que- . Que nós pudéssemos. Que fossemos possíveis. Mas tudo isso é longe agora, e o que tenho é a mesma fonte imaterial de meu discurso sem palavras. Minha quilometragem estourada no quesito de encarar a tela em branco, a folha em branco. A ausência que não tem cor e que se prolonga por uma tarde que parece não ter fim. Sei que tudo isso não passa de um demonstrativo da minha inguenuidade, e que você talvez seja nunca, mas é preciso ser ingênuo, é a única forma de acreditar - e acreditar é preciso, é tudo o que se tem nesse breve espaço de respiração entre dias e anos. E sei que nós foi sempre efêmero, sempre o coração partindo e um buraco no peito. É por isso que preciso dizer que- . Agora. Preciso dizer porque sou noite sem estrelas e preciso que você acredite. Não assim, nessa ordem. Só precisava mesmo era saber que nunca mais vou conseguir colocar os pedacinhos todos juntos como eram antes, que fomos para sempre, que nada foi em vão. E que através de todos os anos que virão: hoje existiu.
- Danielle Bernardi

Um comentário:

Francisco Mallmann disse...

Ah Dani...
Obrigado! Mesmo...
Achei lindo, sensível e... Lindo!
Amei a parte que diz "E sei que nós foi sempre efêmero, sempre o coração partindo e um buraco no peito."
A-M-E-I!
Beijo!