domingo, 31 de janeiro de 2010

Epígrafe.

Seu nome era o vento. Era o som que ele fazia ao soprar tão de leve que muitos o imaginavam parado. Era criatura desorbitada, e isso era tudo o que se sabia. Tinha aqueles olhos grandes, como você imagina em uma criança que vê pela primeira vez o tamanho do mundo. Tinha a palavra, e isso era certo, embora sua voz se desfizesse entre a névoa do pensamento daqueles que a ouviam, a palavra em si permanecia. Como se tivesse vida própria. Era daquelas gentes que precisa estar em movimento, seja para onde for, do contrário definha. Tinha nos olhos a chama de quem tem fome, a veemência de quem precisa. Era chão e estrada, era a extensão do deserto. 'Para resumir-lhe o objeto ou o espírito': procure pelo vento que sopra - e anuncia a tempestade.
- Danielle Bernardi

Um comentário:

Gaiteiro disse...

Ler seus textos é uma viagem ao mais profundo pensar... Não é forçado, não é doído... Ler seus textos é abstrair verdade de tudo, é enxergar o que há no nada...
Eu não páro de me surpreender com você.