quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Relâmpago.

Deixo: que a chuva corra e que nota a nota o som da claridade se faça grito. E permaneço: em meio ao naufrágio, com a alma em comunhão. Encosto um joelho por terra e faço de minha entrega esse ato simples, insolúvel. Ambos sabemos que meu querer tem fome de tempestade, e do escuro da noite. E o abraço que nos falta tem o calor da impossibilidade materializada, de todas as esperas e tristezas - do adeus que assombra, e não se manifesta. Então juntarei meus sussurros ao vento, receita de pausas e pensamentos, para dizer que: ergo os olhos com a voracidade de quem contempla, e aceita. Enfim, persisto: com a estupidez honrosa de quem se levanta sob o temporal para espreitar o breu e encontrar a face do silêncio - fábula do princípio e do fim. Deixo: a água fustigar o corpo, a pele acolher o vento: enquanto a existência incorpora essa luz muito viva, e passageira.
- Danielle Bernardi

2 comentários:

Carla disse...

Tuas palavras não são só relêmpago em nossas vidas e mentes, são uma tempestade inteira, revirando agente do avesso e expondo nosso interior, nos obrigando a refletir e enfim sorrir, pois as dúvidas são muitas mas não estamos sós nesta incognita. Lindo, amei.

Renan Neves disse...

Uma poderosa fusão. Dani com uma tempestade. Ambos com segredos contados tão baixo que quase não se pode ouvir, ou tão alto que quase não se pode entender. Mas que são inevitavelmente apreciaveis.
Imagino-te em comunhão com uma tempestade. Vendo de fora me indagaria; É vc quem se entrega à tormenta ou é ela à ti.