sexta-feira, 1 de maio de 2009

Chaves.

Quantas vezes ainda será preciso se esconder em um armário para sentir alguma coisa? Dividindo sorrisos com fantasmas que o tempo não apagou e sussurrando segredos por toda a noite. Por quanto tempo será preciso ver o mundo através de uma fresta pequena, atendendo a telefonemas mudos, esperando para ouvir uma respiração? Até quando será preciso esperar que a cidade durma para parar a solidão? Quando chegará a hora de ficar de pé, tendo a certeza de que se está a caminho de alguma coisa? Por quanto tempo mais as máscaras serão necessárias? Ainda é cedo para começarmos a sonhar com o primeiro passo? Já é tarde para abrir as portas? Alguém perdeu minhas chaves? Não as encontro por lugar nenhum. Bata duas vezes se for entrar, não faça cerimônias, tenho esperado pela chuva e pelo vendaval por tempo demais. Arrase todo o lugar sem deixar vestígios, os danos ficarão para mais tarde, com nomes gravados perecendo sob o Sol. Sussurre mentiras bonitas enquanto durmo. Me faça rir sobre a dor, sentindo o gosto salgado preso no lábios e na partida. Não vá, não volte. Me arraste para o fundo, me afogue. Meio morta por metade do caminho, me jogue aos fantasmas e aos monstros dos quais me escondi. Sopre verdades dolorosas na minha cara, como fumaça sem cor. Já é cedo demais para começar? Ainda é muito tarde para abrir as portas? Veja uma estrela, faça um desejo. Não olhe para trás quando for. Atendendo a telefonemas mudos, enquanto a cidade dorme. Entre sorrisos divididos e respirações audíveis. Que venha a chuva e o vendaval, os danos serão meu passatempo para o depois - para quando o armário se for, para quando for preciso caçar fantasmas e enterrar segredos entre o caos. Eu não acredito em nada disso. Apenas quebre o círculo e respire para mim. Você sabe que é melhor que isso.

- Danielle Bernardi

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