domingo, 10 de maio de 2009

Flores Proibidas.

Ela estava lá, joelhos no chão, lágrimas nos olhos. O desespero no rosto e tantos sentimentos na voz, que a rouquidão era conseqüência válida, era a dor sussurrada pelas entranhas. Ele desenhava princesas em vestidos amarelos, casas que perdiam a cor e pessoas que partiam. E guardava tudo atrás de um grande sorriso, de uma mentira despreocupada, de um alguém que procura abrigo. Desligue a TV. Tudo parece um terço de nós. Quando ela pede uma razão para ter com o que se importar, quando o velho tocador de gaita consegue nós alcançar através do vento frio, quando ele estraga tudo. É o que fazemos de melhor não é? Estragar tudo... Jogar as coisas boas para o alto, esperando que elas não se partam quando caírem ao chão, esperando que possamos levantar o mundo na ponta dos dedos e fazer malabarismos com os corações dos outros. E no fim são só várias pessoas diferentes, dividindo lágrimas em diferentes cantos do mundo. E é quando um em um milhão resolve atravessar um oceano, quando temos uma razão para acreditar de novo. Quando o mundo é um casulo que a gente constrói, esperando um dia poder sair um pouco melhor em si para valer para um outro alguém. São só cabanas que a gente constrói, entre travesseiros e os sonhos das vidas que gostaríamos de ter. É um desejo, soprado em segredo num beijo de fim de noite. Desligue a TV, eles só estão procurando um lugar aonde se possa descansar. Um lugar aonde deitar a cabeça tarde de noite e fazer da escuridão um cobertor aonde se possa escrever todos os medos antes de entregá-los a outro alguém. É então que todo o caminho torto vale a pena, e nada seria diferente se apenas houvesse aquele momento. É quando se pode desligar a TV e se aconchegar no lugar aonde você pertence. Eu gostaria que pudéssemos. Fazer de uma noite uma eternidade e de nós mesmos duas crianças, sentir o sereno na pele e esquecer de todo o resto. Eu gostaria que pudéssemos, conquistar todo o mundo outra vez, pedaço por pedaço, peça por peça. Fazer da nossa loucura - sentido; e de cada canção uma viagem. Um abraço desesperado, um amor enlouquecido, um banho de lágrimas que nunca sequem. Sim, eu gostaríamos que pudéssemos - reconstruir todos os dias nosso castelos de sorrisos. Deixar a chuva levar nossos pensamentos enquanto dividimos nosso medos, rearranjar a ordem dos planetas com um só beijo, viver o dia como se ele nunca fosse acabar e ter a certeza e a segurança de se poder fechar os olhos e pertencer aonde se está.

- Danielle Bernardi

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