sábado, 9 de maio de 2009

Olho Mágico.

Seus olhos eram como uma tortura silenciosa, límpida, crua. Era a verdade sincera e dolorosa, a palma que se estendia e a vida que ia embora. Eu colocaria um feitiço sobre nós, se pudesse. Nos juntaria em uma mesma só massa, em uma mesma só mentira. Nada mais de dedos frios procurando se alcançar através do vidro, nada mais de 'feitos um para o outro' sem final feliz. Nada mais de erros que bloqueiam começos e que se arrastam junto a gente por todo o tempo. Seu silêncio era o mais palpável, excruciante, humano. Era tudo o que eu temia ouvir e que não saia de minha cabeça. E tudo era só um ponto perdido nessa dança, era onde nossas mãos se encontravam, e se buscavam, e se perdiam. E éramos dois mentirosos sorrindo, esperando pelos bons tempos. Éramos duas figuras cheias de cores, se revelando na escuridão. Então empurre essa redoma de vidro, leve nosso globo de neve até o ponto máximo e veja nossos caquinhos se espalharem pelo chão. Me deixe, me deixe, me permita. Quero dançar na ponta dos pés sob as notas do cordel. Abra a caixinha de música e junte-se a mim. Me faça fechar os olhos, me faça ouvir a música, aceite o desafio - me pegue pela mão. E quando as cortinas fecharem, serão nossos dedos se entrelaçando pela grama, será o silêncio da noite por suas mãos. Depois disso, todo passo de dança será uma lembrança, um suspiro - uma viagem entre dor e prazer, entre buscar e se perder. Me permita... Estou esperando pelos bons tempos, fitando o mundo girar lá fora.

- Danielle Bernardi

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