terça-feira, 24 de novembro de 2009

Auto(De)Composição.

Isso são só sílabas fugidas do oco do peito atravessando corredores de cordas e nós que não se desfazem são só partículas quebradas no inócuo da boca tropeçando lábios à fora na respiração trêmula diante de um vasto céu e de sua escuridão que não tem fim são só mensagens subliminares em código morse através do vítreo dos olhos que não calam nunca por mais que queiram são só convite para a hipnótica falta de som que compõe o silêncio na ausência de destino que as palavras têm são só idéias interrompidas interligadas sem pontos nem vírgulas ditadas pelos ecos contínuos de faces sem nomes que gravaram seus traços atrás do meu pensamento são só tentativas êfemeras esquálidas e condenáveis de dar vida ao que não tem forma são só símbolos gráficos de interpretação aberta que não têm intenção de ser mais do que são para cada qual e cada um independente de todas as coisas e contratempos que se ponham no meio. Isso são. Isso é. E ser é tudo o que me resta e não me basta porque quero sempre mais e querer mais é meu encanto e minha contradição é meu ponto-e-vírgula numa sentença interminável que levarei por toda a minha vida e enquanto houver qualquer sombra de minha existência breve e pouco pragmática então entregarei minha'lma ao sereno desassossego de que fui feita com a condição de permanecer inquieta e faminta por toda a eternidade.
- Danielle Bernardi

2 comentários:

Evelyn disse...

Praticamente perfeito. Isso resume tudo.

Carla disse...

É Sinfonia.
Pura e Simples.
Faz a gente escutar música em cada palavra.
Amaei mais uma.