sábado, 4 de abril de 2009

Faíscas na Estação.

Pegue o trem partindo, antes do amanhecer. Veja a neblina se dissolver em dia, através da janela. Encoste a cabeça no vidro, olhe o horizonte, e peça para que a viagem não tenha fim. Sente-se comigo. Compartilharemos o silêncio eloqüente que nos deixa nus. Sentaremos frente a frente, olhando para nossos reflexos na janela, com todos os pensamentos a milhas e milhas por hora. Consegue sentir? É aquilo tudo crescendo de novo. Com faíscas de luzes, nossas vidas a nossa frente. Depois vá, e me deixe. Mas pegue o trem partindo outra vez, faça a viagem sozinho, sem saber pra onde está indo. E quando todo o sentimento parecer sem nome, deite a cabeça no encosto, perca alguns segundos olhando através do céu. Esqueça todos lá fora, deixe a bagagem na estação e quando sentir frio coloque as mãos nos bolsos. Suspire bem fundo, mas não diga nada. Para onde o trem está indo você não precisa de palavras. Deixe a nostalgia correr, pense em tudo o que se foi e naquilo o que não voltará. Abrace os joelhos, se houver dor. Dispa-se do compromisso de deixar os pensamentos pra depois. A viagem é longa e os fantasmas ainda estarão lá, te esperando na estação. Encoste a cabeça no vidro, esqueça o compasso do coração. Nenhuma palavra será dita, apenas deixe os olhos distantes, no horizonte, no caminho sem destino.
- Danielle Bernardi

Um comentário:

Fefa disse...

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dizer isso é quase desnecessário, vista que você sabe tudo o que penso e sinto pelos seus textos.
mas esse, em particular, me deixou um sensação mais do que perfeita, maravilhosa.
nostalgia, felicidade, lembrança, saudade, integridade comigo mesma.
não há em mim uma parte que não te admire, que não te ame e que não se orgulhe de tudo o que é, e principalmente que não te agradeça por ser tudo isso comigo.

teamo.prasempreealem.