sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nada Dura - Para Sempre.

Inquieta. Com uma ansiedade sem razão revirando seu estômago. Toda a noite era a mesma coisa. A mesma repetição de um querer e um não-querer ao mesmo tempo, tempo que devia passar, tempo que devia parar. E aquele não-saber angustiado, o não-definir sentimento, nome, situação. Era o escuro da noite lá fora. Eram milhares de músicas que nunca se encaixavam. Era a palavra como a fuga e a fuga perdida no silêncio, e a ausência de si mesma presa em algum lugar. Era a música errada, a palavra esquecida, a ocasião passada. O não-tentar, nem chegar perto daquilo o que devia. E o dever de não-dever nada a ninguém ou coisa alguma. O não do verbo a tornando uma negação por completo, e a afirmativa é uma mentira, ilusão de fim de tarde que se apaga quando a escuridão chega. E antes que o momento fosse eterno, ele já teria partido, deixando buracos, faltas e falhas marcando a noite de hoje todo novo amanhã. E antes que fosse tarde já seria cedo demais pra começar tudo de novo. E nesse meio-tempo nada termina. São só começos repetidos, dejá vu de todo o dia, aos olhos de quem quiser ver. E quando o não-ser, o não-saber e o não-querer vão embora, fica ela lá, meio morta, meio perdida, procurando razão pra tudo aquilo e esperando uma nova dose, uma explosão de nãos de verbos no meio da monotonia. O não-sentido é o preço, mas é pouco quando no sentido não se vê graça. O não-tempo é o que incomoda, o não-hoje o não-agora. O nada-dura-para-sempre antes mesmo do começo. O não-tempo é o que mata, porque não é verbo, porque não é nada, e porque é tudo o mesmo tempo. E antes que fosse tarde já seria cedo demais pra começar tudo de novo. Não-tempo. Não-hoje. Não-agora. E fica ela lá, meio morta, meio perdida. Buracos, faltas e falhas marcando a noite de hoje todo o novo amanhã. Esperando uma nova dose... De nãos de verbos, de negações no espelho, e da sensação que há muito se fora, sem ficar tempo o bastante para ver as estrelas ou esperar a chuva.
- Danielle Bernardi

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