terça-feira, 28 de abril de 2009

Vinagre e Sal.

Ei, era um dia colorido aquele, certo? Em que corríamos sem pressa contra o tempo, com nossos espíritos juvenis exaltados, gritando por liberdade. Ou era tudo um sorriso ao observar uma foto? Uma lembrança corrente com o gosto fresco perdurando nos lábios. Talvez fosse só um devaneio também, já não me lembro bem. Talvez tenha sido mais um daqueles dias em que perdi, ou que ganhei, vivendo outras vidas em um único suspiro. A gente nunca sabe, certo? Depois que perdemos o contato, toda vez que penso em você é sempre aquela mesma coisa, aquela centrífuga que tira meu eixo e gira o mundo que construí pra mim, ou que me foi construído, já não lembro disso também. Já não lembro se você desfaz meu mundo ou se me traz clareza... Para ser sincera, parece que tudo vem desaparecendo nos últimos tempos, e tudo o que sei parece misturado com sombras e ausências de certezas que um dia eu jurei ter. Aquilo tudo foi verdade, ou só minha vida quando fecho os olhos? E mesmo assim você achava algo palpável em seu passado, quando tudo o que tínhamos era um abrir e fechar de ontens com os olhos sempre abertos, prometendo um até logo. Parei de lembrar daqueles dias. Parei com muitas coisas na verdade. Sem mais sorvete de flocos em dias de chuva, ou dormir no telhado pelo menos uma vez em todo o verão. Parei com o tempo que não anda com o relógio. E parei de dizer a verdade também. Tudo o que tenho é sarcasmo. Assim, se ler algo meu um dia, faça aquela coisa de franzir a testa ou dê aquele sorriso escondido, pois não sei de qual dos dois gosto mais. Depois me amasse e me jogue no lixo, não é como se eu não tivesse feito isso antes. E durma com os anjos meu bem, enquanto se esforça para não pensar em mim e em tudo o que disse. Eu sonharei para você beijos e poesias, enquanto você rola na cama se perguntando de onde é que tirei tudo isso, e tudo o que está por vir. E quando acordar, me olhe no espelho. Eu estarei lá. Na ironia e na inocência de seus próprios olhos, ou eu deveria dizer nossos? Deixe para lá, já está ficando tarde e cedo demais. Vá sonhar com alguma coisa, ou fingir que não sonha só para ter uma razão para fechar os olhos de novo. Eu ainda estarei lá, mesmo depois que você fechar a porta com o ponto final. Nós sabemos que ainda darei as caras, nem que seja num riso breve e sem sentido, que te faça olhar mais para dentro e te mantenha em pé por mais algum tempo. Porque sem a loucura, não seremos nada. E ser normal não é para o nosso bico meu bem, nem pro bico de ninguém que te vê de verdade, e que me vê também, acenando num ímpeto incontido, num fim de texto que nunca chega. Só mais cinco minutinhos. Só mais um beijo e uma última piada. Você me tem quando quiser. E sei que ainda temos aquela juventude toda pela frente, não importa quantos anos eu aparente quando te olhar de volta. Boa noite meu bem, te vejo pela manhã. E quando você sorrir, eu sorrirei de volta.

- Danielle Bernardi

Um comentário:

Ana Elisa disse...

Ah Dani, vc é uma icógnita pra mim, sabia?

:**